Vamos democratizar o vinho?             Uma entrevista exclusiva com                   o CEO da Fabenne

De acordo com dados oficiais da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), com base no Sistema de Cadastro Vinícola da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, a venda de vinhos finos brasileiros têm recorde histórico de vendas. De janeiro a junho de 2021, comparado ao mesmo período de 2020, o crescimento foi de 41,15%, passando de 10,8 mi de litros para 15,2 mi de litros. 

Com essa nova demanda no mercado brasileiro começam a surgir marcas e produtos diferentes para suprir a curiosidade e a necessidade dos consumidores. A Fabenne por exemplo, é a primeira startup de vinho bag-in-box do Brasil. A empresa quer democratizar o consumo da bebida no país, oferecendo um vinho casual e de qualidade que pode ser tomado em situações cotidianas. Com produção 100% brasileira em Vinícola do sul do país, a startup oferece o preço por taça mais acessível da categoria com embalagens eco-friendly de três litros, as quais conservam a qualidade da bebida por 30 dias. Com seis tipos de vinhos e sabores, a startup opera com vendas por e-commerce e entrega para o Brasil todo, valorizando produções e negócios nacionais. 

bag-in-box

Além da missão de democratizar o consumo de vinho no país, a Fabenne está ligada aos valores familiares. Em julho de 2021, a startup iniciou uma ação sem data para término para apoiar as Nonnas e Nonnos do Brasil. A cada pedido realizado no site da marca, R﹩0,50 será doado para um dentre inicialmente três lares de idosos que o cliente poderá escolher no momento da compra. 

O modelo de atuação da empresa apresenta sucesso, uma vez que a startup registrou crescimento de 315% de 2019 para 2020, obtendo faturamento de R﹩ 4 milhões no ano passado. 

Leia agora a entrevista exclusiva para o Pluminews com o Adriano Santucci, CEO e fundador da Fabenne:

Adriano Santucci, CEO e fundador da Fabenne

Como surge a ideia da empresa?

A Fabenne surgiu de maneira familiar. Somos três sócios: eu Adriano, Thiago que é meu primo e o Arthur que é meu cunhado, casado com a minha irmã. Nós três temos experiência em marketing de multinacionais e sempre fomos entusiastas apaixonados por vinho. Mas nossa relação com a bebida sempre foi casual, coisa de família simples que veio do sul da Itália no início do século passado. Almoço de domingo com a Nonna era macarronada e vinho de garrafão. Essa relação com o vinho nos colocou de frente para uma oportunidade de empreender quando conhecemos as embalagens Bag-in-Box. Pensamos que ali estava um vetor para levar o vinho para o dia-a-dia, descomplicar o discurso e levar vinho bom pelo preço justo para o brasileiro. O nome da marca já era gravado em pedra: Fabenne vem da expressão italiana “Mangia che te fa bene” e passa toda a casualidade que queríamos para a marca. 

Em meados de 2017 descemos para a Serra Gaúcha onde conhecemos a Vinícola São João e imediatamente começamos a prototipar o nosso primogênito Cabernet Sauvignon. De lá para cá testamos diferentes canais e construímos nossa tese. Hoje a Fabenne é uma marca que atende diretamente mais de 10 mil consumidores no nosso e-commerce e aos poucos vai construindo uma relação emocional muito próxima e autêntica com eles.

A que você atribui o aumento do consumo de vinhos no Brasil?

O mercado vem ganhando um nível de maturidade maior entre entusiastas com o trabalho de alguns players de grande expressão como a Evino, Wine e GPA. Com bastante consistência nos últimos anos, esses e outros players têm investido na educação do consumidor e de entusiastas, aumentando o interesse pela categoria. Já nos últimos quase dois anos a pandemia nos colocou de frente com ocasiões mais intimistas e o consumo de vinho explodiu entre consumidores frequentes e ocasionais. Também houve uma grande entrada de novos consumidores e esse movimento não tem volta. Com uma demanda crescente e uma oferta cada vez mais heterogênea de produtos  endereçando diferentes ocasiões de consumo devemos e queremos ver um mercado mais robusto e o brasileiro com mais vinho na mesa.

A empresa tem o propósito de democratizar o vinho no Brasil. O que significa isso?

O mercado de vinhos finos no Brasil ainda é altamente concentrado em uma parcela da população com maior renda e poucos conseguem fazer do vinho um ritual diário. Acreditamos que o brasileiro comum só considerará o vinho como uma bebida que faz parte do dia-a-dia quando a conta fechar. E hoje, não fecha. Falamos de um mercado dominado por vinhos suaves (cerca de 70%) e não trabalhamos para que esse consumidor se aproxime dos vinhos finos. Isso acontece porque o mercado, além de preços altos, complicou demais o discurso e impôs regras que só afastam o potencial consumidor. Portanto, democratizar é dar acesso com vinhos de qualidade e preço justo, sempre pautado em discursos simples. Para a Fabenne, o Bag-in-Box será um dos vetores de democratização do mercado de vinhos por levar um custo por taça significativamente menor do que as garrafas tradicionais, além de simplificar o ritual e aumentar o tempo do público com a bebida aberta (menor oxidação).

Porque apenas vinhos do sul?

A Serra Gaúcha é reconhecida internacionalmente pela qualidade de suas castas e a Fabenne vê uma grande oportunidade de endereçar um mercado muito forte de produção com uma demanda crescente por vinhos nacionais. Temos no Sul, além do expertise, história, tecnologia e qualidade, também relação com a história da marca que é inspirada nas nossas famílias que vieram do Sul da Itália, assim como os colonos que cuidam dos parreirais do Rio Grande do Sul. Esses foram os motivos que nos fizeram iniciar por lá.

Você acredita que o consumo de vinhos no Brasil é uma tendência crescente?

Sim. Alguns institutos já apontam um crescimento mais sólido do mercado de vinhos no Brasil e definitivamente a pandemia tem uma parcela de contribuição importante com esse início de mudança de hábito, ainda mais se pensarmos nos efeitos de construção de imagem da categoria que vieram das redes sociais. O vinho ganhou relevância e, embora seja natural uma estabilidade esse ano, deveremos ver um mercado crescendo de forma gradual nos próximos anos.

Foto abertura: Unsplash

Fotos outras: divulgação

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