Um estudo inédito do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) se debruçou sobre o tema e produziu uma profunda análise sobre a produção agrícola do país nas últimas décadas. Intitulada “Produção de Alimentos no Brasil: Geografia, Cronologia e Evolução”, esta é a segunda pesquisa de uma série produzida pelo Imaflora com apoio do Instituto Ibirapitanga, Instituto Clima e Sociedade (iCS) e Grupo de Políticas Públicas (GPP/Esalq) que analisa os sistemas alimentares no Brasil e seus aspectos de produção, distribuição e consumo. A íntegra do estudo pode ser vista no site do Imaflora.
O estudo constata que a produção brasileira está concentrada em poucas culturas. Em todos os anos analisados, apenas cinco culturas ocupavam 70% ou mais do total de área agrícola do país: arroz, cana-de-açúcar, feijão, milho e soja. Nos anos 2000, a soja ganhou papel de destaque, ocupando, em 2017, 43,2% da área, seguida pelo milho (22,5%), cana-de-açúcar (13%), feijão (3,9%) e arroz (2,6%).. No período analisado, soja e milho sempre ocuparam a maior parte da área agrícola do país, sendo que até 1995 o milho era a principal cultura, perdendo o posto nos anos 2000 para a soja. Já a cana-de-açúcar ganhou o terceiro lugar, ultrapassando culturas alimentares (arroz e feijão) com o passar do tempo.
Um dos recortes analisados foi como se deu a evolução da fronteira agrícola nas últimas décadas. O estudo identificou que a prevalência do crescimento de áreas de pastagens, identificada nos dois primeiros períodos analisados (1985-1995; 1995-2006) deu lugar a uma maior expansão de áreas agrícolas no período mais recente, que vai de 2006 a 2017. A expansão de áreas de agricultura foi maior em cerca de 54,9% das 558 microrregiões (grupo de municípios definido pelo IBGE) do país entre 2006 e 2017, enquanto a expansão das áreas de pastagem foi superior em 29,3% das microrregiões. A expansão das áreas de floresta foi maior em apenas 15,8% das áreas neste período. “Essa grande expansão da agricultura pode ser explicada, entre outros fatores, pelo aumento das áreas de cana-de-açúcar na região Sudeste e das áreas de soja no Centro-Sul”, afirma Vinicius Guidotti de Faria, Coordenador de Geoprocessamento do Imaflora.
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