O presidente da Apex-Brasil, Augusto Pestana, fala com exclusividade sobre o futuro do Agronegócio no Brasil

Em entrevista exclusiva para o Pluminews, Augusto Pestana, Presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) , que visa promover as exportações, a internacionalização das empresas brasileiras, nos mostra um panorama sobre o futuro agronegócio.

Quais as grandes apostas e os grandes desafios do setor para 2022?

A resiliência e os avanços contínuos da nossa produção agropecuária nos dão a convicção de que teremos mais um ano de conquistas para nosso agronegócio. Dentre as apostas, vários aspectos reforçam o nosso otimismo, a exemplo das práticas de produção cada vez mais inovadoras e sustentáveis, a diversidade e a qualidade dos produtos, o crescimento contínuo da produtividade, além do compromisso e estabilidade da nossa entrega frente ao desafio da segurança alimentar do planeta. Observamos a posição estratégica que o Brasil conquistou nos últimos anos na cadeia global de alimentos e bebidas, fazendo com que sejamos cada vez mais demandados para abastecermos o mundo. No que tange os desafios, percebemos que questões associadas ao custo de produção, bem como algumas dificuldades logísticas podem impactar nossas exportações ao longo do ano, mas que estão bem mapeadas pelo setor.

Batemos recorde de exportação dos produtos de agronegócios em 2021, qual a expectativa para 2022?

Com a forte retomada global da economia, além de eventos presenciais e melhoria da mobilidade, a tendência é manter ou expandir o patamar de 2022, fazendo com que a demanda de alimentos e bebidas seja elevada e, com isso, tenhamos mais um ano de avanço nas nossas exportações, tanto em receita quanto em volume, inclusive se considerarmos variáveis como a inflação de alimentos. Do ponto de vista da ApexBrasil, esse movimentado deve ser reforçado também pela diversificação da pauta, como consequência de programas que implementamos com o objetivo de inserir novos e mais sofisticados produtos na pauta, notadamente, alguns ingredientes emblemáticos da nossa gastronomia. 

Onde o Brasil ainda precisa melhorar para exportar ainda mais?

As exportações do nosso agronegócio avançaram impressionantes 600% ao longo dos últimos 20 anos, de cerca de US$ 20 bilhões em 2001 para mais de US$ 120 bilhões no último ano. Este cenário foi possibilitado pelos avanços em diversas áreas, conforme citado anteriormente, que combinam o empenho do setor privado com políticas públicas acertadas e apoio de uma série de atores, como o caso da ApexBrasil. Em parceria estreita com o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), apoiamos, hoje, mais de 20 setores do agronegócio brasileiro em suas estratégias de internacionalização, posicionando produtos e marcas por meio de inúmeras ações de qualificação, inteligência, promoção e geração de negócios. 

Nossos clientes exportaram cerca de US$ 29 bilhões no último ano, um avanço de mais de 25%, quando comparado com 2020. Aliado a isso, estamos atentos às inúmeras oportunidades geradas pelas 194 aberturas de mercados, conquistadas nos últimos três anos, a partir do esforço articulado do Itamaraty e do MAPA, e que geram enormes oportunidades. A continuidade dessa articulação certamente será fundamental para seguirmos ampliando a nossa presença no mercado global, com atenção a tendências e requisitos que moldam essa demanda.

Como a tecnologia e inovação irão mudar o perfil do agronegócio no Brasil?

Tecnologia e inovação têm sido elementos essenciais e transformadores do nosso agro há décadas. O Brasil tem hoje o maior e mais completo ecossistema de ciência, tecnologia e inovação para produção agropecuária do mundo, contando com a participação de inúmeras instituições públicas e privadas oferecendo soluções aos nossos produtores. Pesquisas demonstram que o agricultor brasileiro está entre os mais antenados do planeta, e isto nos coloca em posição de vantagem para a absorção de novas tecnologias. Exemplos como a conexão 5G, a Internet das Coisas (IoT) e a biotecnologia ilustram bem o que já vem acontecendo no campo brasileiro. Além disso, há inúmeras agritechs que fazem um trabalho excepcional, em articulação com a academia e instituições como a EMBRAPA. Na Apex-Brasil, somos testemunha também do interesse do investidor estrangeiro nesse grande ambiente de inovação que temos.

A Apex-Brasil irá promover o agronegócio em 26 feiras internacionais em 2022. Qual a expectativa de resultado em nossas exportações?

Depois de dois anos de limitações nas ações presenciais e na mobilidade global, temos grande expectativa de um ano de retomada dos principais eventos de negócios de alimentos e bebidas. Estes fóruns continuam sendo de enorme relevância, já que possibilitam, além do trabalho de posicionamento de marcas e produtos brasileiros, a geração e o fortalecimento de contatos com potenciais parceiros comerciais nos mais diversos mercados. Para isso a ApexBrasil, o MAPA e o MRE trabalharão juntos para garantir a presença brasileira em mais de 40 feiras internacionais neste ano, um número sem precedente. Estas e outras ações, sem dúvidas, configuram uma grande plataforma de negócios internacionais para as empresas do setor.

Augusto Pestana
Presidente da Apex-Brasil

Foto: Unsplash

Deixe seu comentário

Seu e-mail não será publicado.