Dois fotógrafos, duas asas e o olhar único e curioso sobre a relação de cada um com a cidade. Munidos de suas máquinas, os fotógrafos Eraldo Peres e João Campello passaram dois anos registrando as quadras residenciais, comércios, escolas, jardins e tantos outros detalhes que, no corre-corre diário, passam despercebidos dos brasilienses que não enxergam as maravilhas que existem nas asas Sul e Norte. Uma vida pulsante, que faz parte desse avião projetado por Lúcio Costa e batizado de Plano Piloto.
Esse é o propósito do livro “Um Olhar Curioso nas Asas”. Pensado para comemorar os 60 anos da cidade, os planos tiveram que ser mudados por conta da pandemia, e só agora esse presente poderá ser conferido pelos moradores da capital. São mais de cem imagens divididas entre os registros de João Campello, que ficou responsável em clicar a Asa Norte, local onde mora e Eraldo Peres, que fotografou a asa sul. Eraldo chegou por aqui com um ano de idade vindo do Rio de Janeiro e apesar de nunca ter morado no Plano Piloto fez questão de pesquisar sobre os projetos de Lúcio Costa e Niemeyer sobre a ideia das chamadas quadras modelos. E por uma dessas coincidências da vida descobriu um fato curioso durante o projeto. “No início das minhas andanças para fotografar pela asa sul fiquei sabendo que o bloco D, da SQS 106, foi à primeira edificação residencial a ficar pronta no Plano e a inauguração foi no dia do meu nascimento-20 de junho de 1959. E como se não bastasse, na placa de batismo do aparece o meu nome, Eraldo”, afirma ele, que resolveu dar a essa história o título de “A saga do bloco D”, que também está na publicação.
Além das quadras residenciais e comerciais, o projeto contempla ainda a UnB- Universidade de Brasília- e o Parque Olhos D`água estampando, dessa forma, a nova realidade desses espaços, sem ter a pretensão de esgotar o tema, ou ser um inventário da arquitetura e urbanismo das quadras. Trata-se de um registro de dois moradores que amam a cidade e mostram uma Brasília que vai além dos seus monumentos. “Esse trabalho vem carregado com lembranças da minha infância, de quando cheguei a Brasília em 1979. É um “reencontro” pelos caminhos que já havia percorrido quando era criança. As mudas das árvores daquela época agora estão maiores do que os blocos e espaços antes descampados, agora estão reconfigurados”, diz Campello sobre esse registro documental.
Convidada para escrever o prefácio de “Um Olhar Curioso nas Asas”, à jornalista e brasiliense Márcia Zarur afirma sobre o livro: “A cada imagem uma surpresa, mesmo que o recorte seja velho conhecido de quem vê. Folhear este livro é um convite a descobrir ou se reconectar aos cantinhos charmosos do Plano Piloto”.
Pelas páginas do livro, o leitor poderá se deparar com fotos de plantas e flores típicas das estações do ano, tão marcadas no Planalto Central, os clássicos cobogós nos formatos quadrados e redondos, marca registrada da arquitetura da cidade e o céu, conhecido como o mar do brasiliense. Os criadores da cidade Lúcio Costa e Oscar Niemeyer também estão homenageados no livro, com fotos de ambos, em displays em tamanho natural, na fachada “Banca da Conceição”, na quadra modelo 308 sul.
“Um Olhar Curioso nas Asas” convida a todos conhecer um pouco mais dessa cidade patrimônio da humanidade e seus diferenciais que tanto encantam seus moradores e visitantes que se permitam viajar por ela. Vem com a gente voar nas asas de Brasília.
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