Especialistas do Mackenzie também explicam por que o Japão se tornou líder em estratégias e mitigação de desastres
Em uma movimentação sísmica que ocorre debaixo de nossos pés, os terremotos revelam a intrigante coreografia das placas tectônicas que compõem a crosta terrestre. Tal fenômeno marcou a virada de ano no Japão, registrando mais de 200 mortos, além dos prejuízos para a vida pública. Para compreender as causas, efeitos e explicações deste evento, conversamos com especialistas do Colégio Presbiteriano Mackenzie (CPM) e da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
De acordo com o professor de Geografia do CPM, Vanderlei Zahra, os terremotos são desencadeados pelo contato entre duas placas tectônicas, seja através da convergência ou transformação. “O local do contato entre as placas, chamado hipocentro, desencadeia ondas sísmicas que se propagam até a superfície, culminando no epicentro”, explica.
Zahra menciona que a intensidade do tremor varia com a proximidade ao epicentro, sendo mais forte quanto mais próximo estiver. Para compreender a dimensão desses eventos os especialistas utilizam a Escala Richter. “É uma ferramenta logarítmica que mede a intensidade dos tremores. Então, por exemplo, um terremoto de magnitude 4 graus é 10 vezes mais forte que um de 3 graus”, enfatiza.
Para compreender melhor a previsibilidade dos terremotos e as técnicas de medição, recorremos ao doutorando do Centro de Radioastronomia e Astrofísica do Mackenzie (CRAAM), Viktor Sumida. Ele esclarece que, embora não seja possível prever exatamente quando ocorrerá um terremoto, diversas abordagens auxiliam na identificação de áreas de maior risco. “O monitoramento de atividade sísmica, análise de falhas geológicas, estudos de movimentação de placas tectônicas e modelagem computacional são algumas dessas abordagens”, afirma Sumida.
Quanto à medição, a Escala Richter e a Escala de Magnitude de Momento são fundamentais. A Escala Richter, embora amplamente conhecida, pode saturar em terremotos de alta magnitude. Assim, a Escala de Magnitude de Momento, mais moderna, oferece uma abordagem robusta, considerando fatores como área da falha, deslocamento das placas e rigidez das rochas.
Regiões de Risco e Curiosidades
Quanto às regiões propensas a terremotos, Sumida explica que as áreas ao longo das bordas de placas tectônicas são mais suscetíveis. “Limites convergentes, onde placas colidem; limites divergentes, onde placas se afastam; e limites conservativos, onde placas deslizam lateralmente, são os cenários principais”, destaca.
Sobre a frequência de terremotos no Japão, Sumida destaca que a posição do país no Anel de Fogo do Pacífico, onde quatro placas tectônicas se encontram, gera uma intensa atividade sísmica. “A subducção (quando uma placa afunda sob outra) da placa do Pacífico sob a placa Norte-Americana é uma das principais causas”, explica.
Essa realidade, no entanto, tornou o Japão líder em estratégias de preparação e mitigação de desastres.
Apesar de sua localização, os maiores terremotos já registrados na história não ocorreram em território japonês. De acordo com Viktor Sumida, as maiores magnitudes já registradas apresentaram um valor de 8,5, correspondentes aos terremotos nos Himalaias em 1920 e 1950, e no Chile em 1960, que uma magnitude estimada de 9,7.
Quanto à possibilidade de terremotos no Brasil, ele observa que embora o país esteja localizado no centro da Placa Sul-americana, considerada estável, terremotos intraplaca podem ocorrer. Eles são geralmente menos frequentes e menos intensos em comparação com aqueles nas margens de placas. “Eventos sísmicos de baixa magnitude, embora raros, não podem ser negligenciados”, alerta o especialista.
Em um mundo onde os movimentos das placas continuam a moldar nosso planeta, a compreensão dos terremotos não apenas nos alerta para os riscos, mas também destaca o intrincado ballet geofísico que ocorre sob nossos pés.
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