O Brasil ocupa a sétima posição entre as economias mais complexas para fazer negócios no mundo, conforme uma pesquisa do TMF Group, especializada em soluções de conformidade regulatória para empresas. O estudo, divulgado nesta quarta-feira (29), abrange 79 países e territórios que representam 93% do PIB global e 88% dos fluxos líquidos globais de investimento estrangeiro direto.
Embora os dois primeiros países no ranking de complexidade sejam europeus (Grécia e França), a América Latina é uma região crítica, com cinco dos dez países mais complexos localizados na região, incluindo Colômbia, México, Bolívia e Peru.
Nos últimos dois anos, fazer negócios no Brasil se tornou ligeiramente menos desafiador. Em 2022, o Brasil era considerado a economia mais complexa, passando para o terceiro lugar em 2023 e, agora, ocupando a sétima posição. No entanto, essa queda no ranking é atribuída mais à piora em outras jurisdições do que a mudanças internas no país, segundo Carolina Secches, diretora de Global Entity Management do TMF Group no Brasil.
Os principais desafios no ambiente de negócios brasileiro incluem a complexa legislação tributária, com diferentes regulamentações em níveis federal, estadual e municipal, além da diversidade de leis em diferentes níveis administrativos. “A escolha do regime tributário ideal e o planejamento das operações são complexos pela necessidade de um profundo conhecimento local, especialmente considerando que os regimes trabalhistas e a força sindical variam significativamente em todo o país”, destaca o grupo em nota.
A possibilidade de uma reforma tributária no Brasil é vista como uma oportunidade de facilitar os negócios, mesmo que gere preocupações para setores como serviços e tecnologia da informação (TI) devido ao possível aumento da carga tributária. A unificação das legislações tributárias é vista como um fator que pode melhorar o ambiente de negócios. Além disso, preocupações surgem em relação à reoneração das folhas de pagamento e à redução de incentivos à contratação. Revisões na reforma trabalhista de 2017 também trazem incertezas às empresas.
As preocupações se ampliam devido à situação econômica global instável, que requer taxas de juros mais elevadas para conter a inflação, aumentando a complexidade dos negócios. “Saímos de uma imprevisibilidade política, lá em 2022, para uma de natureza econômica”, diz Secches.
Apesar do crescimento das exportações brasileiras, especialmente do agronegócio, e do superávit recorde na balança comercial em janeiro – quando pela primeira vez na história superou os US$ 100 bilhões em um período de 12 meses –, há apreensões quanto ao progresso das iniciativas para expandir a presença internacional do Brasil. As negociações para ingressar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) perderam ímpeto com a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto. Outra preocupação é em relação ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia, cuja implantação depende da aprovação de todos os países envolvidos e de negociações adicionais nas áreas ambiental e agrícola.
Mesmo com deficiências no ambiente de negócios, Secches destaca que o Brasil tem registrado avanços. “O Brasil sempre foi um país complexo, mas temos observado um movimento significativo em direção à simplificação nos últimos anos. Esforços têm sido feitos para fomentar o investimento estrangeiro, com avanços importantes na regulamentação cambial e nas políticas tributárias”, diz. “Embora ainda haja desafios, o ambiente regulatório tem se tornado menos complexo, criando um cenário mais favorável e previsível para investidores estrangeiros. Essas mudanças são cruciais para atrair capital e estimular o crescimento econômico sustentável no Brasil”, destaca Secches.
A executiva também aponta a necessidade de continuar avançando no processo crucial de desburocratização, um exemplo a ser tomado principalmente da Dinamarca, o terceiro país menos complexo para fazer negócios no mundo. Os dois primeiros – Ilhas Cayman e Curaçao – são paraísos fiscais.
Ranking das economias mais complexas para negócios
- Grécia
- França
- Colômbia
- México
- Bolívia
- Turquia
- Brasil
- Itália
- Peru
- Cazaquistão
Ranking das economias menos complexas para negócios
- Ilhas Cayman
- Curaçao
- Dinamarca
- Hong Kong
- Nova Zelândia
- Holanda
- Reino Unido
- Jersey
- Ilhas Virgens Britânicas
- Jamaica
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