Nem todo mundo entende o processo que o grão do café leva desde sua saída do campo até chegar a xícara do consumidor. O café é uma bebida que está presente em todas as casas brasileiras e é considerada uma das favoritas de muitas pessoas. Mas será que os amantes dessa paixão mundial sabem como se dá o processo do plantio até a chegada em sua casa?
De acordo com o 1° levantamento de 2021 sobre a safra brasileira de café, publicado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no primeiro semestre deste ano, o Brasil é um dos maiores produtores do fruto, e a região de Minas Gerais concentra a maior produção, com 71,7% de sua área ocupada pela espécie arábica, um tipo mais fino e de maior qualidade de café, que requer cuidados especiais por ser mais sensível às mudanças climáticas.
Ficou curioso? Saiba mais sobre todos os processos com Fábio Cunha, Diretor responsável pela compra das sacas de café da indústria Café Export, em Brasília.
Tempo de produção
Por ter um clima tropical e úmido em algumas regiões do país, o Brasil é um dos grandes favorecidos pelas estações do ano, o que é considerada uma vantagem em relação aos outros países produtores de café.
“Para poder plantar, primeiramente o terreno precisa estar limpo, quente e muito úmido, logo o período de plantio tem que ser em época de chuva. Durante essa fase temos duas curiosidades bem interessantes: a primeira é que a planta do café leva até dois anos para dar os primeiros frutos. Já a segunda é que depois de maduro, este mesmo pé poderá dar frutos e ser colhido por uma média de 20 anos”, revela o diretor Fábio Cunha.
Hora da colheita
A árvore do café só pode ser colhida uma vez ao ano, e essa colheita é feita entre maio e agosto, durante o período de seca. A escolha desta época se dá por causa do calor intenso, o que favorece a pós-colheita.
“Existem dois métodos que se adotam para o processo de secagem do café após ele ser colhido. O primeiro deles é o mais usado aqui no Brasil, o manual, devido ao clima quente que faz com que o produtor espalhe as sementes de café colhidas sob o terreiro, que pode ser de cimento, lona ou diretamente no solo do hectare, deixando a cargo do sol fazer essa secagem. Enquanto a segunda é feita de forma mecânica e com auxílio de máquinas”, explica o diretor do Café Export.
Fábio ainda detalha os prazos que os cafeicultores têm que respeitar durante a fase de colheita. “O limite máximo para se colher todo o café é até agosto, porque no mês seguinte, setembro, as condições climáticas começam a mudar em muitos estados que são produtores. Caso os cafeicultores atrasem a colheita das sementes as chances deles serem prejudicados pela chuva é grande, visto que o café vai ficar úmido demais podendo pegar mofo e outros parasitas que estragam a safra. Logo, entre o final de agosto e o início de setembro, em média 85% do café já foi colhido e ensacado para à venda”.
Momento da torra
Após a compra das sacas e chegada na indústria, a primeira etapa para seu processamento é a avaliação de qualidade e depois é enviado para o local onde será armazenado. “O café precisa estar totalmente seco, ou seja, não pode pegar umidade, por isso que nós optamos por reservar o grão em barris feitos de madeira que não encostam no chão e nem na parede, justamente para evitar a umidade e manter a qualidade”, detalha Fábio.
No momento da seleção dos grãos para avaliar sua qualidade, uma das formas mais usuais. está a manual, onde a pessoa pega um punhado de grãos de café e espalha eles na mesa para avaliar o destino da saca, visto que ela poderá ser usada para o processo de café comum, espresso ou coado.
“Na indústria o grão passa pelos últimos momentos de seu processo, que é a seleção de qualidade, torrefação e envasamento. Resumindo, primeiro ele é torrado, depois moído em grandes silos, e aí sim será envasado”, comenta o diretor.
Mas você sabia que quando o café é colhido ele não exala aquele cheiro forte tão amado por muitas pessoas? De acordo com o diretor do Café Export, essa característica do grão é despertada após a retirada de sua casca e condução para o processo de torra.
“A torra pode ser feita à gás, com diesel ou lenha. Aqui nós fazemos esse processo de combustão, que é uma máquina aquecida com uso de fogo à lenha. Esta etapa é muito sensível, pois dependendo da torra pode estragar o café, deixando amargo ou escuro demais”, conclui.
Por último, é o momento mais esperado, quando o café passa pelo coador, é envasado, liberado para a logística de transporte distribuir para os supermercados e o consumidor pode aproveitar o melhor do café produzido no Brasil.
Fotos: divulgação
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