Frase é do historiador e professor, Leandro Karnal, que palestrou no Evento HOJE. O professor e especialista em comunicação, Dado Schneider e o doutor em Ciências da Educação, mestre em Arte e Cultura e coordenador do Núcleo de Estudos de Agronegócio da ESPM de São Paulo, Luiz José Tejon também participaram da programação.
Abaixo um resumo das suas palestras:
O futuro imprevisível e ainda indecifrável foi o tema abordado pelo professor e especialista em comunicação, Dado Schneider. Segundo ele, vivemos um momento de transformação ‘covidigital’, na qual a velocidade da transformação é cada vez mais intensa e a mudança, mais complexa.
“Estamos vivendo um tempo de mudança, com a velocidade de transformação em plena aceleração. Vai chegar um momento em que não daremos mais conta desse ritmo, mas relaxem, porque simplesmente é inevitável! Vejam que oportunidade temos pela frente: somos uma geração que vai viver mais de 100 anos. E vamos ser expostos a uma complexidade e um ritmo de mudanças aos quais não estamos preparados. Somos adultos inéditos”.
No entanto, antes que a angústia do desafio de fazer frente a tamanho desafio nos tome de assalto, Schneider fez uma diferenciação: “Mudar não significa gostar de mudar, mas entender o que está acontecendo. Mudar no século XXI significa entender o que está acontecendo para tentar aceitar”. Simples assim.
Ele argumentou que uma das crises que vivemos é experimentarmos a transição do século XX, que tinha uma estrutura que era vertical, de cima para baixo, com a autoridade imposta, para o XXI e sua agenda horizontal, que procura a colaboração, a inclusão, com a autoridade passando a ser conquistada. “Vivemos, há 20 anos, um embate entre o século XX e o XXI, e o anterior não deixa o próximo decolar. A pandemia nos fez retroceder, mas não nos tirou do processo de evolução. Estamos na adolescência do futuro”.
Incômodo produtivo
O benefício das crises também foi abordado por outro palestrante: doutor em Ciências da Educação, mestre em Arte e Cultura e coordenador do Núcleo de Estudos de Agronegócio da ESPM de São Paulo, Luiz José Tejon, que trouxe o tema da importância do marketing para empresas do agronegócio. “Crises servem para nos obrigar a fazer coisas novas. É o incômodo que promove o movimento adiante. Mas atenção, porque há duas condutas frente ao incômodo: aprender ou culpar. A primeira leva ao desenvolvimento, já a segunda ao fracasso rotundo”.
Tejon indicou uma regra de ouro do empreender: não olhar para a demanda que se pode identificar. “Pense naquilo que o mercado ainda não sabe que precisa. Empreendedores oferecem soluções para problemas que ainda não foram percebidos. O agronegócio, por exemplo, passa por transformações importantes e a percepção de todos os envolvidos precisa se adaptar. Não se fala mais em agrobusiness. Agora falamos em Food Citizenship, que extrapola o plantar, o colher, a semente, o transporte, o alimento e propõe que os indivíduos não são apenas consumidores na ponta da cadeia, mas participantes ativos e críticos em um sistema alimentar. “Este é o novo agronegócio, que está comprometido com a sustentabilidade, a saúde, a cidadania, a responsabilidade e a colaboração. Essa mudança já está em curso há algum tempo e exige rapidez para ser incorporada”.
Mudanças acontecem sem aviso prévio
“Mudanças acontecem sem aviso prévio. Não podemos evitar isso. Mas, podemos ser ágeis o suficiente para encontrarmos soluções racionais para os problemas que surgem”, disse Karnal. A situação vivida não poderia ter sido mais emblemática para a exposição que o historiador preparou. Karnal falou sobre a escolha de ser protagonista da própria vida. “E protagonista é aquele que não abre mão da responsabilidade da ação, que é capaz de superar o pensamento mágico e definir e executar um planejamento racional e estratégico para alcançar o objetivo proposto, não cedendo às adversidades e ao poder sabotador do nosso cérebro”.
Sim, porque não basta planejar estrategicamente como atingir os nossos objetivos. Além da racionalidade para encontrar respostas racionais aos problemas que surgem, protagonismo exige o esforço hercúleo de transformar pensamento em ações e repeti-las com ritmo e disciplina. “Para ser vencedor, e não perdedor, será necessário fazer o esforço hoje e amanhã e depois. O esforço feito até ontem explica como você chegou até aqui, mas não diz nada sobre o teu futuro. Este depende de um momento único, o presente, e é a partir dele que se define o que será o futuro, do esforço que você está disposto a fazer daqui para frente. E, para isso, o protagonismo é crucial, na ação concreta e resiliente, necessária e repetida diariamente”.
Para enfatizar ainda mais a argumentação, Karnal citou o filósofo, escritor e crítico francês, Jean-Paul Sartre: “Não importa o que a vida fez de você; importa o que você fez com que a vida fez de você”.
Ele esclareceu: “não quero aqui posar de grande mestre a ser seguido. Passei também por grandes revezes e aprendi que força e determinação são necessárias. Em 2019, reuni minha equipe para avaliar a situação do negócio e todos me disseram que estava perfeito, e me preocupei, porque o que vem depois do auge? O declínio! E me preocupei. Disse a todos: temos que mudar, expandir horizontes, vamos para outros países. E veio a pandemia e cancelou todos os meus planos. O que pude fazer? Remarcar para o ano seguinte e aproveitar o tempo de isolamento e reclusão para me aprimorar. Mas em 2021, a palestra internacional foi novamente cancelada. Mais uma vez tive que reorganizar os planos”.
Os revezes de Karnal são os revezes de todos. O que ele propõe não é esperar pela vida perfeita, mas pela capacidade de dar respostas a problemas. “A vida é isso mesmo: uma sucessão de problemas que podem ser resolvidos. Todos os fracassos, os erros que arranham a superfície da minha tranquilidade me ensinam, me desafiam. O conforto e a repetição são a melhor maneira de recuperar o conhecido, o familiar. Não há problema em ter memórias, em ter saudade, mas saudade tem que ser alavanca e não limite”.
Karnal finalizou a palestra enfatizando a necessidade de estarmos prontos para aprender a nos adaptar. “Os maiores animais do mundo foram extintos não porque eram fracos, mas porque não se adaptaram à nova realidade. Nós, como animais, somos muito frágeis comparados a outros animais, um verdadeiro fracasso, mas somos um sucesso pela capacidade de adaptação, de darmos respostas a problemas. Precisamos crescer, precisamos nos desafiar. Saiam daqui e pensem como vocês querem chegar ao HOJE de 2022”, finalizou.
Fonte: https://eventohoje.com.br/
Foto: Unsplash
Deixe seu comentário