A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) dedicou um volume do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) ao tema “Mentes Criativas e Escolas Criativas”, ressaltando a importância do pensamento criativo para a adaptação dos jovens a um mundo em constante mudança. O estudo visa identificar regiões com melhores resultados na integração do pensamento criativo aos currículos escolares, com a meta de formar cidadãos capazes de “pensar fora da caixa” em diversos contextos, gerando, avaliando e aprimorando ideias originais e eficazes.
Singapura lidera o ranking de 64 países, com 41 pontos, enquanto a média da OCDE é de 33 pontos. Outros países acima da média incluem Coreia e Canadá (38 pontos), Austrália (37), Nova Zelândia, Estônia e Finlândia (36), Dinamarca, Letônia e Bélgica (35), Polônia e Portugal (34). O Brasil ocupa a 49ª posição, com 23 pontos, ficando significativamente abaixo da média da OCDE. O país está entre as posições 44 e 53, indicando uma grande lacuna de desempenho em pensamento criativo.
Nos cinco países com melhor desempenho, 97 em cada 100 alunos superaram a média dos cinco países com pior desempenho, que incluem Albânia, Filipinas, Uzbequistão, Marrocos e República Dominicana, com pontuações entre 13 e 15. Em média, nos países da OCDE, cerca de um em cada dois estudantes consegue pensar em ideias originais e diversas em tarefas simples de imaginação ou em situações de resolução de problemas cotidianos. Em Singapura, Letônia, Coreia, Dinamarca, Estônia, Canadá e Austrália, mais de 88% dos estudantes demonstraram nível básico de proficiência em pensamento criativo, enquanto a média da OCDE é de 78%. Nos 20 países e economias com baixo desempenho, menos de 50% dos estudantes atingiram esse nível básico.
A pesquisa também revelou que a excelência acadêmica não é pré-requisito para a excelência no pensamento criativo. Aproximadamente metade dos alunos com melhor desempenho em pensamento criativo também teve alto desempenho em matemática. Além disso, as garotas superam os garotos em termos de pensamento criativo, possivelmente devido ao maior hábito de leitura. Em nenhum país os meninos superaram as meninas, com uma diferença média de 3 pontos a favor das garotas na OCDE. As diferenças de gênero e socioeconômicas no desempenho persistem em todos os tipos de tarefas, com meninas se destacando especialmente em trabalhos de expressão escrita e desenvolvimento de ideias alheias. Alunos em melhores condições socioeconômicas também apresentaram melhor desempenho, com uma pontuação média de cerca de 9,5 pontos acima dos menos favorecidos.
Segundo a OCDE, a pedagogia em sala de aula pode fazer diferença. Entre 60% e 70% dos estudantes nos países da OCDE relatam que seus professores incentivam a criatividade e a expressão de ideias originais, resultando em notas mais altas em pensamento criativo. A participação regular em atividades como artes, teatro, redação criativa ou aulas de programação também está associada a melhor desempenho no pensamento criativo.
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