O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,50% ao ano. Esta decisão marca o fim de um ciclo de cortes iniciado em agosto de 2023, quando a taxa estava em 13,75%. Após seis cortes de meio ponto percentual e um de 0,25, o Brasil permanece com uma das maiores taxas de juros reais do mundo.
A Selic é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação, influenciando o custo de produtos e serviços no Brasil. Segundo Michael Viriato, assessor de investimentos, a taxa de juros elevada afeta diretamente o bolso dos brasileiros, encarecendo empréstimos e reduzindo a capacidade de compra das famílias. Juliana Inhasz, economista do Insper, explica que setores como comércio e serviços são particularmente impactados pela redução do consumo, uma vez que itens como carros e imóveis se tornam menos acessíveis devido aos altos custos de financiamento.
Para as empresas, a Selic elevada dificulta investimentos em infraestrutura, tecnologia e expansão, devido ao crédito mais caro e à imprevisibilidade econômica. Inhasz destaca que essa situação pode levar à redução de contratações e até demissões, pois as empresas enfrentam uma demanda incerta. Setores como construção civil e mercado automotivo são especialmente afetados, pois dependem de financiamentos que se tornam mais caros.
Por outro lado, a alta da Selic torna investimentos em renda fixa mais atrativos, oferecendo retornos mais altos e seguros. Isso pode desestimular investimentos produtivos, como mostra uma pesquisa da Fundação Dom Cabral, que aponta uma margem de lucro média de 7,90% para empresas de médio porte em 2022, apenas um ponto acima do juro pago por títulos do Tesouro Direto.
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