Recentemente, o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) anunciou a emissão de títulos verdes no valor de US$ 225 milhões, aproximadamente R$ 1,2 bilhão, com o intuito de atrair investimentos para o reflorestamento na Amazônia. Esses títulos, conhecidos como títulos de impacto, são instrumentos financeiros voltados para financiar projetos com resultados socioambientais. Esta emissão é a maior já realizada pela instituição com base em resultados.
Alexander Marinho, gestor de fundos estruturados certificado pela Anbima, explica que essa modalidade de título funciona de forma semelhante a outras negociações de dívidas, onde uma parte busca recursos e outra está disposta a investir. Agentes intermediários desempenham um papel crucial ao analisar projetos, estruturar financiamentos e negociar recursos entre as partes envolvidas.
Marinho detalha que o processo envolve um empréstimo oferecido pelo investidor, que é remunerado pelo demandante conforme um acordo pré-estabelecido. Este acordo inclui diversos aspectos como prazo de pagamento, periodicidade das parcelas, taxa de juros, garantias e governança. Para os títulos verdes anunciados, o prazo de liquidação é de nove anos, com juros de 1,745% ao ano e um acréscimo variável que pode chegar a 4,362% ao ano. A remuneração variável depende do sucesso do projeto, funcionando como um incentivo adicional.
O projeto visa o reflorestamento de áreas desmatadas na Amazônia por uma startup brasileira, que pretende lucrar com a Remoção de Carbono (CRUs) das áreas recuperadas. Esta operação é pioneira ao associar-se a um projeto que não apenas reduz emissões, mas também remove gases do efeito estufa já presentes na atmosfera.
Do total de US$ 225 milhões, cerca de 16% serão investidos diretamente nas ações de reflorestamento. O restante será utilizado para pagar os juros aos investidores até que as árvores plantadas possam gerar novos recursos no mercado de carbono.
Os títulos emitidos pelo Bird já atraíram o interesse de grandes investidores internacionais que buscam não apenas retorno financeiro, mas também associar suas marcas a impactos socioambientais positivos. No entanto, por ser um projeto inovador, há riscos de não alcançar os resultados esperados, o que poderia resultar em um retorno financeiro abaixo do mercado.
Marinho destaca que o aval do Bird, parte do Banco Mundial, torna os títulos mais atraentes. Ele ressalta que a emissão é cuidadosamente planejada por agentes intermediários para atrair o maior número possível de investidores, seguindo as regras do mercado público de títulos. Equipes altamente qualificadas de instituições financeiras e de capitais analisam como estruturar o título para maximizar a captação de recursos.
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