A Amazon Web Services (AWS), divisão de serviços de nuvem da Amazon, está desenvolvendo uma inteligência artificial em parceria com a startup argentina Kilimo para gerenciar o uso de água em plantações ao longo do Rio Tietê, em São Paulo. O objetivo é calcular o consumo de água em cada fazenda, monitorar a qualidade do solo e fornecer recomendações de irrigação baseadas nos dados coletados e no tipo de cultivo. A expectativa é economizar 200 milhões de litros de água por ano.
Will Hewes, líder de sustentabilidade hídrica na AWS, explicou que a empresa busca melhorar a gestão da água nas comunidades próximas aos seus data centers. Ele destacou que a Amazon e outras grandes empresas de tecnologia utilizam água para resfriar computadores e máquinas, o que ajuda a reduzir o uso de energia e a cumprir metas de sustentabilidade, como o uso de 100% de energia renovável e a neutralidade de carbono.
A AWS pretende equilibrar o uso de energia elétrica e água, minimizando o impacto em ambas as frentes. A empresa anunciou a iniciativa durante a World Water Week, em Estocolmo, como parte de seu plano global de gestão hídrica. Até 2030, a AWS quer ser “water positive”, devolvendo mais água à comunidade do que consome. Entre as estratégias, está o uso consciente da água para resfriamento dos sistemas, como evitar o uso de água em locais e épocas do ano com temperaturas mais baixas.
Em algumas regiões, a AWS utiliza efluentes tratados para resfriar os data centers, enquanto no Brasil a técnica adotada é a captação e uso da água da chuva. A empresa também mede o consumo de água com uma métrica própria chamada Efetividade no Consumo de Água, que atualmente é de 0,18 litros de água por kilowatt/hora, uma melhoria de 5% em relação a 2022 e de 28% em comparação com 2021.
Além do projeto no Brasil, a AWS está implementando outros projetos de reabastecimento de água em comunidades próximas aos seus data centers na China, Chile e Estados Unidos. Ao todo, são 21 projetos em 14 países, que devem devolver mais de 7 bilhões de litros de água ao meio ambiente por ano. Em 2023, as ações da AWS devolveram 3,5 bilhões de litros de água às comunidades.
No Chile, a parceria com a Kilimo também visa reduzir o uso da água nas bacias hídricas da região metropolitana de Santiago e Valparaiso, com a implementação de irrigação por gotejamento em 67 hectares de terras de plantio. A economia anual esperada é de 200 milhões de litros de água.
Na China, a AWS anunciou projetos em Pequim e Hong Kong. Em Pequim, a parceria com a Beijng LongTech Environmental Technology busca restaurar partes degradadas das margens da reserva de Miyun e instalar áreas úmidas para tratar naturalmente a água que escoa das fazendas. Em Hong Kong, a parceria com a NGO GreenCity Guangzhou visa instalar áreas úmidas para impedir que o esgoto não-tratado polua os rios Dongjiang e Xijiang.
Nos Estados Unidos, a AWS ampliou suas ações em Ohio e Califórnia. Em Ohio, a parceria com a ONG The Nature Conservancy visa restaurar 11 acres de áreas úmidas, ajudando a filtrar quase 300 milhões de litros de água por ano e fornecendo habitats para espécies selvagens. Na Califórnia, a AWS apoia ações para garantir a sobrevivência das espécies de salmão, que incluem melhorias na irrigação agrícola e reabastecimento de ecossistemas de água doce.
Hewes destacou que a AWS trabalha com parceiros locais para entender as necessidades específicas de cada região, incluindo ONGs e governos. Ele acredita que a entrada de projetos no Brasil pode incentivar mais ações da companhia no país, que enfrenta o desafio de reduzir o consumo de recursos naturais na agricultura e pecuária. A AWS planeja ampliar as ações já tomadas e criar novas iniciativas, incentivando outras empresas a melhorar a gestão hídrica globalmente.
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